quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Meu velho curador


Sob o peso da palha que lhe encobre as feridas, caminha o velho. 

Pé ante pé, a cada passo uma dor. 

Caminhar é uma dor.

Existir machuca. 

Destrói. 

A dor é o caminho. A dor é um moinho.

A dor é também só dor. 

Diante dela: sofrimento ou movimento.

A ambos o velho conhece. Em ambos já caminhou. Salve o grande senhor do tempo! 

Tempo pesado. Tempo arrastado. Tempo transformador. 

Independente do caminho escolhido, lá estará sempre ele, com a paciência de quem muito já andou.

Foi no caminho da dor que meu velho Omolú aprendeu a transformar suas feridas em amor. 

Foi no caminho da dor que nasceu o curador.

Atotô.

Nenhum comentário:

Postar um comentário