Sob o peso da palha que lhe encobre as feridas, caminha o velho.
Pé ante pé, a cada passo uma dor.
Caminhar é uma dor.
Existir machuca.
Destrói.
A dor é o caminho. A dor é um moinho.
A dor é também só dor.
Diante dela: sofrimento ou movimento.
A ambos o velho conhece. Em ambos já caminhou. Salve o grande senhor do tempo!
Tempo pesado. Tempo arrastado. Tempo transformador.
Independente do caminho escolhido, lá estará sempre ele, com a paciência de quem muito já andou.
Foi no caminho da dor que meu velho Omolú aprendeu a transformar suas feridas em amor.
Foi no caminho da dor que nasceu o curador.
Atotô.




